“Temos a arte para não morrer de verdade.
Sem música, a vida seria um erro”.
Friedrich Nietzsche, filósofo
Ary Barroso é o nome do compositor, de origem mineira, que compôs uma das mais populares canções brasileiras, chamada Aquarela do Brasil.
Quem a gravou pela primeira vez foi o seu parceiro Francisco Alves e depois, por inúmeros outros cantores. Entre eles estão Carmem Miranda, Frank Sinatra, João Gilberto, Tom Jobim, Caetano Veloso, Tim Maia, Gal Costa, Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Elis Regina.
Inesquecível é o show dos três famosos tenores, Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti, nos Estados Unidos, em Los Angeles, quando cantaram essa música, na véspera da final da Copa Mundial de Futebol. E o Brasil, no dia seguinte, sagrou-se campeão, ganhando da Itália no jogo da decisão.
A interpretação orquestrada é maravilhosa, lembro aqui do espetacular Ray Conniff, e também do Walt Disney, num desenho animado com o Pato Donald e o Zé Carioca, com esse fundo musical brasileiro.
Num show do Roberto Carlos, ele afirmou que todo cantor tem um enorme prazer de cantar Aquarela do Brasil, principalmente quando se está fora do país.
Aquarela do Brasil foi lançada em 1939, conforme nos informa Renata Arruda, no blog Letras, em 3 de julho de 2020. A letra, segundo Ary Barroso, foi para demonstrar o seu amor pela cultura brasileira. Essa música é considerada a fundadora do samba-exaltação. Nesse subgênero os autores “procuram exaltar a pátria e os símbolos da cultura nacional”.
O autor recebeu duras críticas pois estávamos numa época da ditadura de Getúlio Vargas e muitos consideraram que era uma forma de apoio ao ditador. Mas, conta-nos Arruda, que não era isso que acontecia, Ary Barroso não apoiava Getúlio Vargas. A música até foi censurada, devido ao palavreado “Terra de samba e pandeiro”, por considerarem depreciativo ao Brasil. Ditadura, como sempre, de qualquer cor ideológica, faz os homens que a apoiam e representam, deixarem de pensar inteligente e racionalmente e assim, agir inconsequentemente.
O autor exalta a população negra brasileira na letra da música. A citação “abre a cortina do passado, tira a mãe preta do cerrado”, refere-se à ama-de-leite dos filhos dos senhores e que vivia no cerrado, juntamente com os outros escravos. Lá em Minas Gerais a informação é que cerrado era um nome dado ao cativeiro onde os negros eram mantidos nas fazendas. A referência ao congado tem a ver com um tipo de festa que era organizada pelos escravos que vinham do Congo e que reconstituía a cerimônia de coroação do Rei do Congo. Triste época aquela, que não se pode esquecer, de um passado sombrio de nosso país. Por isso, admirável foi essa iniciativa do Ary Barroso.
Muitas pessoas consideram Aquarela do Brasil como o nosso segundo hino nacional. E o sucesso internacional foi enorme, sendo a primeira música brasileira a atingir mais de um milhão de execuções nas rádios dos Estados Unidos. A versão americana gravada por Frank Sinatra chamou-se Brazil.
Cita Arruda que a gravação feita pela maravilhosa Elis Regina é “uma das mais arrepiantes”, ela canta acompanhada por um coral que reproduz cantos indígenas. O registro foi feito do especial da cantora em 1980, disponível no artigo de Arruda. Fui ver e concordo plenamente. Realmente o é. Como, aliás, outras gravações também o são.
A ABL – Academia Brasileira de Letras considerou a música como a mais importante da MPB – Música Popular Brasileira nos últimos cem anos – a “música do século”.
Por isso, com muita satisfação a escolhemos para o nosso vídeo desta semana. Talvez alguns jovens não a conheçam, mas é por demais interessante, para dizer o menos, que a escutem, caso ainda não o fizeram. As pessoas mais velhas com certeza a conhecem e estão cônscios do grande sucesso obtido e da sua importância.
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Obrigado por ler e assistir!
Rosires Andrade
Em 30/07/2022.
Está tudo tão lindo que me encho de orgulho!